segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

História do Colégio



Texto de José Denizard Macedo de Alcântara
Corria o ano de 1877, assinalado na história cearense pela maior seca registrada na memória das nossas populações. Governava o Ceará o Presidente da Província, o Desembargador Caetano Estelita Cavalcante Pessoa, designado para a função pelo gabinete conservador de 25 de junho de 1875, presidido pelo Duque de Caxias.

Em 22 de novembro daquele ano, o prestigioso comerciante e político cearense Joaquim da Cunha Freire, Barão de Ibiapaba, procura o Presidente da Província e, no desejo de amparar a pobreza da Capital, cuja situação se agravara com a seca, faz a oferta ao governo provincial da quantia de dez contos de réis e de um terreno localizado entre as Ruas do Sol (atual Costa Barros), da Leopoldina, da Soledade (atual Nogueira Acioly) e a Rua do Colégio das Órfãs (atual Santos Dumont), devendo ali o governo provincial construir um Asilo de Mendi­cidade.
Terreno e dinheiro eram doados com a condição de que, enquanto o edifício não ficasse concluído, seria de exclusiva propriedade do doador e de seus herdeiros, no caso de sua morte. Logo, porém, que estivesse ultimada a constru­ção passaria ao patrimônio da Província do Ceará, nos termos da Escritura lavrada pelo Escrivão Augusto Barbosa de Castro e Silva. As obras foram iniciadas quase imediatamente, recebendo-se mais donativos e utilizando-se nas mesmas o trabalho dos flagelados da seca, não só na construção como no fabrico de telhas e tijolos.

Desconhecem-se dados que positivem ter o Asilo de Mendicidade chegado a funcionar. Assim a Lei número 2.152, de 10 de agosto de 1889, determinava a entrega da construção ao Sr. Bispo da Diocese do Ceará para servir de Asilo de Mendicidade. Pou­cos meses depois, já na República, o Decreto número 04, de 24 de fevereiro de 1890, revogou a Lei citada e restituiu o prédio ao Patrimônio do Estado do Ceará, que não o utilizou até 1892, praticamente aban­donado. Em 17 de março daquele ano, o Vice-Presidente do Estado, capitão Benjamin Barroso, telegrafava ao Presidente Floriano Peixoto, oferecendo-o para sede da Escola Militar, feitas as reformas e adaptações necessárias, aliás já projetadas e orçadas pelo Coronel Carlos Eduardo Saulnier de Pierrelevée, Diretor das Obras Militares, condicionando-se a oferta ao funcionamento ali da Escola Militar.

Em 1897, com a extinção da Escola Militar, retorna o imóvel à posse do Estado do Ceará. Somente pela Lei número 1.931, de 05 de novembro de 1921, o poder Legislativo Estadual transferiu em definitivo para o Ministério da Guerra o velho casarão do Outeiro, onde já vinha funcionando desde 1919 o Colégio Militar do Ceará.

Em 1894, o edifício constava somente da ala fronteira à Praça da Bandeira, sendo o res­tante cercado por muros, sem nenhuma edificação interna. Mesmo esta frente não estava terminada: segundo documentação da época, apresentava 31 janelas do lado direito e 10 do esquerdo. A parte central da frente, com andar superior, é de 1910, completado o segundo andar na reforma iniciada em 1958. Numerosas modificações, obras novas e ampliações, foram feitas ao longo do tem­po pelos Estabelecimentos de Ensino que ali funcionaram, destacadamente pelo antigo Colégio Militar do Ceará, Escola Preparatória de Cadetes e o atual Colégio Militar de Fortaleza.

Nesta histórica edificação, a partir de 1892, funcionaram quatro Estabelecimentos de En­sino do Exército: a Escola Militar do Ceará, o Colégio Militar do Ceará, a Escola Preparatória de Cadetes de Fortaleza, o Colégio Militar de Fortaleza; dois estabelecimentos civis de ensino: o Colégio Nossa Senhora de Lourdes e o Colégio Floriano. Nela aquartelaram a Policia Militar do Ceará e o 9º Regimento de Artilharia Montada.


O Colégio Militar de Fortaleza foi criado pelo Decreto de número 166, de 17 de Novembro de 1961, sendo implantado a 1º de Janeiro de 1962, considerando-se o herdeiro do antigo Colégio Militar do Ceará e por isto comemora como data aniversária o 1º de junho, a exemplo daquele estabelecimento anterior.

Exerceram o comando do mesmo o Cel Inf Raimundo Teles Pinheiro; Cel Inf João Perboyre de Vasconcelos Ferreira; Cel Inf Petrônio Maia Vieira do Nascimento e Sá; Cel Art Haroldo Erichsen da Fonseca; Cel Art Hyran Ribeiro Arnt; Cel Art Roberto Pinheiro Klein; Cel Art Mario dos Santos André; Cel Inf Roberto Pontual Pinto de Lemos; Cel Eng Ricardo Moniz Aragão; Cel Inf Domingos Miguel Antônio Gazzineo; Cel Inf Roberto Luiz D’Avila Saraiva; Cel Art Adelson Leite Julião; Cel Inf Nilo Guilherme da Silva; Cel Inf Hiran de Freitas Câmara; Cel Inf Júlio Lima Verde Campos de Oliveira; Cel Art Nelson Marcelino de Farias Filho; Cel Art Eduardo Fernandes Ferreira, Cel Inf Adyr da Silva Sampaio; Cel Cav Luiz Alberto Roggia Pithan; Cel Art Estevam Cals THEÓPHILO Gaspar de Oliveira; sendo seu atual comandante o Cel Eng José Antonio MENDONÇA da Cruz (Atualizado pelo editor).

Os quatro estabelecimentos de ensino militar que funcionaram no casarão do Outeiro mantêm uma continuidade histórica, garantindo-lhe a unidade de uma tradição comum. Muitos dos que passaram pelo Estabelecimento anterior comandaram, serviram, exerceram o magistério, educaram filhos e netos no estabelecimento seguinte pela ordem cronológica, assegurando a permanência de seus valores e princípios tradicionais.

O Colégio Militar de Fortaleza, fundamentalmente órgão de assistência social do Exercito para o seu pessoal e, subsidiariamente, colaborando com alta eficácia na educação de jovens oriundos de pais civis, é o herdeiro inconteste desta tradição quase secular.

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